A minha avó nasceu há setenta e
nove anos.
Teve sete filhos e ficou viúva aos trinta anos. Como ficou viúva tão
nova e com os filhos por criar, passou por momentos complicados e difíceis,
houve alturas em que passaram fome. Trabalhava numa fábrica de plásticos e
deixava os filhos mais velhos, com a tenra idade oito, nove ou dez anos a
tomarem conta dos mais novos.
Estava sozinha para tudo e faltava muitas vezes
ao trabalho. Mais tarde foi despedida, aí foi a desgraça total! O pouco comer
que havia deixou de aparecer e, o que a minha avó tinha para dar aos filhos
eram lágrimas. Valeu-lhe o senhorio perdoar-lhe meses sem contas de renda e
pessoas com um coração de ouro darem-lhe algum comer.
Passados seis anos
arranjou um senhor solteiro, sem filhos e mais velho. Foi ele que ajudou a
criar os meus tios. Morreu há dezassete anos e segundo diz a família era um
homem maravilhoso.
Hoje os meus tios estão todos bem mas, não deixam de ter na
memória tudo o que passaram e viram a mãe passar.
É a minha avó que me aconchega
às seis da manhã quando a minha mãe vai trabalhar e que me veste e leva à
escola.
Eu gosto muito da minha avó!
António, turma 48